Natal no Algarve
A tradição do Presépio
Em todas as casas portuguesas e um pouco por todo o mundo, há a tradição de recriar o nascimento de jesus, através da montagem de um presépio. Mas poucos conhecem a a história associada a esta tradição. Conta o Cónego José Pedro Martins, Prior da Sé de Faro: «O vocábulo presépio é de origem hebraica e significa etimologicamente manjedoura. Era frequentemente usado para significar o próprio estábulo».
O Pe. José da Cunha Duarte, pároco das paróquias de São Brás de Alportel e de Santa Catarina da Fonte do Bispo e investigador, afirma que a «primeira imagem do presépio até hoje conhecida data do século II e foi encontrada nas catacumbas de Santa Priscila, em Roma. Na pintura, a Virgem Maria é representada com Jesus ao colo». Estas informações foram publicadas pelo Jornal A Folha do Domingo, num artigo que relata uma palestra proferida por este investigador em Tavira.
Diz, também, o Cónego José Pedro Martins, que terá existido uma «representação iconográfica do presépio» datada «de 380. Foi descoberta em Roma, nas catacumbas de S. Sebastião, a decorar uma parede de sala mortuária de uma família cristã. O Menino está deitado numa espécie de mesa, junto da qual se vêem o boi e o burro da tradição.
A inclusão de um boi e de um jumento deve-se a uma apropriação adaptada de uma passagem bíblica de Isaías. Atribui-se-lhes a tarefa de aquecerem Jesus com o seu bafo e também um valor simbólico: uma censura à incredulidade dos homens que se recusaram a acolher e a reconhecer Deus naquele Menino, enquanto os animais O reconheceram: "o boi conhece o seu dono e o jumento conhece o estábulo onde come, mas Israel não conhece, nada entende" (Is. 1,3)».
No artigo da Folha do Domingo diz-se «O padre Cunha Duarte lembrou que do século IV ao VII, o presépio é armado em altar e que até ao século XII a festa do nascimento de Jesus é apenas litúrgica, tendo sido São Bernardo (1090-1153), o precursor da festa popular do Natal ao iniciar a pregação de que Jesus é o filho de Deus. “Foi o primeiro a falar da humanidade de Cristo”, destacou o orador, lembrando os cerca de 500 sermões deixados por aquele “dinamizador da escola da humanidade de Cristo”. “Nossa Senhora começa a ter muitos títulos devido à pregação de São Bernardo sobre a parte humana de Jesus”, afirmou.
O sacerdote explicou que São Francisco de Assis (1182-1226) ficou de tal modo marcado pela “catequese de São Bernardo” que pediu licença ao papa [Honório] para representar a cena do Natal, uma vez que a representação popular era proibida e requeria autorização da Igreja. “Houve um pequeno teatro sobre a cena do Natal”, contou, advertindo que Francisco “nunca fez presépio nenhum”». A este propósito, recorda o Cónego José Pedro Martins o que se terá passado: «O que então se passou conta-o Tomás de Celano em 1229, na Vita Prima. Francisco de Assis mandou preparar uma manjedoura cheia de feno e colocou perto dela um boi e um jumento. Sobre a manjedoura foi posto um altar em que se cantou a Missa da meia-noite, na qual o próprio santo vestiu a dalmática de diácono. Pela consagração do pão e do vinho, Jesus esteve presente e vivo naquele altar-manjedoura».
De acordo com a Folha do Domingo, para Cunha Duarte, «outro que se impressionou com São Bernardo foi São Domingos (1170-1221), tendo criado a ordem religiosa dos Dominicanos que “teve por fundamento pregar a devoção ao Menino Jesus”.
O padre José Cunha Duarte disse ainda que um papel igualmente relevante na devoção do presépio foi o de Santa Brígida (1302-1362). “Vai descrever, no século XIV, o nascimento de Jesus à maneira popular. Imagina como seria a pobreza daquela época e isso encantou as pessoas porque o povo tinha fome de saber novidades acerca do nascimento”, explicou.
Segundo o sacerdote, o seu continuador vai ser São Bernardino de Sena (1380-1444) que divulga, de terra em terra, a devoção ao Menino Jesus.
O padre Cunha Duarte explicou que nos séculos XV e XVI surge a devoção ao Menino da capela Ara Coeli (altar do céu), em Roma, em que Jesus é representado pela primeira vez como rei. “O Menino Jesus, à moda oriental, tem uma estrela no peito, coroa real, vai de coche”, relatou, explicando que nessa altura os conventos acolhem a devoção ao Menino Jesus e a Ordem de Santiago, nas visitações às paróquias, solicita o mesmo culto.
O sacerdote explicou que o cardeal Bérulle (1575-1629), em Avignon (França) continua essa devoção, introduzindo a tradição de colocar, junto à imagem de Jesus, pequenos pratos com cereais germinados e frutas para que o Salvador faça com que haja “boas sementeiras para não haver fome” e “abençoe as árvores de fruto”. O orador sublinhou que em 1643, o Convento de Beaune (França) confeciona imagens em cera de “Cristo, Senhor e Rei do Universo” vestido à maneira real, e que a partir daí os conventos começam a reproduzir essas imagens com papel machê, madeira, terracota, gesso, vidro, entre outros materiais.
O padre Cunha Duarte destacou posteriormente o surgimento do presépio napolitano feito por escultores e pintores para as pessoas da aristocracia. “Este presépio não chegou às igrejas nem ao povo, era só para as pessoas ricas”, constatou, lembrando que o novo estilo abandonou o simbolismo medieval, nascendo o presépio moderno. O investigador, que lembrou existir no Algarve um presépio napolitano no Museu Paroquial de Moncarapacho, explicou que em 1554 o oratório de Santa Maria della Staletta (Itália), com figuras em madeira, vestidas segundo o costume da época, difundiu-se pelas igrejas e mosteiros de Nápoles.
O sacerdote acrescentou que outro grande contributo para a devoção ao Menino Jesus entre o povo foi do papa Inocêncio XIII (1721) ao instituir a festa do Santo Nome de Jesus. “Toda a gente passa a fazer presépios porque já está a devoção no coração”, afirmou o padre Cunha Duarte, lembrando que no século XVII apenas alguns artesãos (imaginários) têm licença do bispo para fazerem as imagens religiosas para as catedrais e igrejas. “Os imaginários alimentam e desenvolvem a devoção ao Menino Jesus e ao presépio”, afirmou, sustentando que “o povo dá azo à criatividade”.
O sacerdote explicou que a Revolução Francesa (1789), com a consequente proibição da festa do Natal e recolha das tradições religiosas, rejeita o Cristo Rei do presépio medieval. “É impensável os republicanos admitirem o presépio real. O trono desaparece e surge o presépio republicano”, afirmou, lembrando que o presépio tradicional é ridicularizado, sendo nele acrescentadas “figuras provocatórias”, ideia que acabou por ser aproveitada, acrescentando-se imagens das diferentes profissões e condições sociais».
Presépio Algarvio: Olhar diferente do Natal de Jesus
As festas associadas ao Natal têm início, no Algarve, no dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da conceição. Nessa data, “deitam-se os trigos”, ou seja, pequenas sementes de trigo, milho, centeio ou alpista eram colocadas em pequenos pires de louça ou de barro para formar as “searinhas”, que enfeitarão os presépios, também eles diferentes dos habitualmente feitos noutras regiões do país.
O presépio tradicional do Algarve não representa o cenário da gruta de Belém, conforme explica o Pe. José da Cunha Duarte: «O Presépio tradicional algarvio conserva as raízes medievais», com origens na Provença francesa. É, antes armado em trono ou escadaria, com o menino Jesus em pé, no alto, assumindo-se como Menino Jesus glorioso, triunfante, o Salvador, o Cristo Rei do mundo e do universo. Nas casas mais abastadas, os degraus são cobertos com toalhas de linho rendadas e bordadas à mão, imitando o altar-mor das igrejas e nas mais humildes um altar mais modesto é armado sobre uma cómoda coberta com uma toalha de renda branca, com o menino ao centro. Os degraus do trono onde o menino é colocado são progressivamente mais estreitos e espalhadas pelos vários degraus ou junto ao Menino, ficam as searinhas, bem como laranjas, frutos secos e flores, ou verduras diversas, como a murta, o loureiro, o alecrim, a aroeira e a nespereira. Uma característica, muito peculiar do Barrocal, é ornamentar o trono com laranjas. A presença das searinhas no presépio é compreendida pelo povo como uma bênção. São colocadas para o Menino “as abençoar” e para “dar muito pão às sementeiras”. Depois das festas, havia também o costume de colocar as searinhas no campo para crescerem porque estavam abençoadas. Mais tarde, o trigo recolhido era para mezinhas caseiras.
Nas paredes da sala, onde estava armado o Menino, colocavam-se também ramos de laranjeira (com laranjas), de loureiro ou ainda de nespereira. Outras famílias faziam um arco de verdura, à frente do trono.
Finalmente, colocava-se o Menino, velado permanentemente por lamparina de azeite, imagens estas que eram regra geral artesanais, feitas por santeiros locais.
Esta tradição do presépio em escadaria remonta, segundo alguns entendidos na matéria, como é o caso do Pároco de S. Brás de Alportel, Pe. José da Cunha Duarte, à Idade Média, sendo típica do Algarve e podendo, também, encontrar-se na Ilha da Madeira, com a chamada “lapinha”, construída com três ou mais passadas (degraus) e ornamentada com frutas e searinhas. Nos Açores, o presépio com o Menino em pé denomina-se “altarinho” e são-lhe colocadas, igualmente, searinhas, sendo as paredes da sala onde ele é armado, ornamentadas com ramos de laranjeira e laranjas. Diz o sacerdote: «Este presépio foi levado pelos portugueses para a Ilha da Madeira, para os Açores e para o Brasil. Os missionários espanhóis divulgam-no na América do Sul. Em Portugal, ainda podemos ver este presépio no Baixo Alentejo e no Algarve. Em França, Alemanha, Suíça, a países nórdicos ainda hoje surgem no Natal as laranjas e as searinhas de trigo».
Conta o Pe. José da Cunha Duarte: «Nos tempos idos, nove dias antes do Natal, as famílias preparavam a casa para armar o presépio ou armar o Menino. Geralmente faziam-no em cima de uma cómoda que se encontrava em frente da porta da casa de fora.
A casa era varrida e lavada. No chão, à frente da cómoda, ficava uma esteira de empreita, muitas vezes com motivos geométricos polícromos.
Em que difere e em que consiste o chamado presépio algarvio? Em cima da cómoda, revestida com uma toalha branca e com larga renda pendente, colocava-se um pequeno trono em escadaria, com aproveitamento de gavetas ou de medidas de cereais, também conhecido por altarinho, escadaria, penha ou charola, que imitava o altar-mor da Igreja.
Construído o trono, começava-se a ornar o Menino. As searinhas, germinadas dentro de chávenas ou pires pequenos desde a Festa da Imaculada Conceição, eram colocadas no trono, com arte, às quais se juntavam as típicas laranjas, que também se dependuravam na parede. A ladear o conjunto colocava-se jarras com verdura, onde sobressaia a murta, o loureiro, o alecrim, a aroeira e a nespereira. Havia também a modalidade de se acrescentar à frente do trono ou a ladear o Menino, um arco enrramado. Era o chamado presépio armado em capela ou presépio com arco.
A encimar o trono erguia-se o Menino, primorosamente vestido, de pé, triunfante e vitorioso, rei e Senhor do Universo, o “botão” nascido da “roseira”. Por isso se colocava numa das mãos, um raminho de flores, geralmente de papel.
À frente do trono havia uma lamparina de azeite, sempre acesa até à festa da Apresentação de Jesus no templo e a Purificação de Nossa Senhora, em 02 de Fevereiro.
Diante deste presépio se fazia a novena do Natal e circulavam famílias e amigos, pois o Menino vem para aproximar as pessoas, desfazer contendas, estreitar corações».
José da Cunha Duarte recordou, numa conferência promovida em Tavira e relatada pelo Jornal A Folha do Domingo, que «no século XIX, no Algarve, proliferam os “pinta santos”, abegões que durante o inverno esculpem e pintam as imagens do Menino Jesus. Segundo o padre José Cunha Duarte, José da Murteira é o “mais importante” desses artesãos».
Festa da Natal no Algarve: A celebração em comunidade
As tradições natalícias algarvias, como um pouco por todo o país, congregam as comunidades em torno do nascimento do Menino, transformando-se em verdadeiras festas coletivas, que permitem conhecer e compreender a cultura local. As casas e a Igreja eram os polos onde fraternalmente todos os membros da comunidade circulavam, celebrando a vinda do Deus Menino e a família assumia uma forte preponderância, procurando os seus membros estarem unidos nessa noite e no dia seguinte.
Após a consoada, as famílias costumavam visitar-se na noite de Natal, tradição que até há alguns anos se conservava no interior algarvio. As crianças saíam com os pais a visitar parentes e amigos, aproveitando para comer petiscar as iguarias da quadra.
Também durante a noite de Natal ou depois da consoada, alguns grupos de rapazes cantavam de casa em casa até à hora da Missa do Galo, onde todos se reuniam na Igreja da paróquia, dando as boas-festas ao pároco e beijando o Menino-Jesus. No final da celebração, alguns reuniam-se à volta de uma fogueira, ao ar livre, cantando e dançando uma moda tradicional.
Dia de Reis: Uma marca do Natal Algarvio
Diz o Pe. José da Cunha Duarte na sua obra “Natal no Algarve - raízes medievais”: «O Dia de Reis (6 de Janeiro) era dia santificado. Ainda hoje alguns países celebram neste dia a festa mais importante do Natal.
Muitas famílias algarvias, da zona marítima e urbana, davam nesta noite as prendas de Natal aos filhos. Como não havia o costume de oferecer brinquedos, as crianças recebiam uma laranja, bolotas veladas, uma libra de chocolate ou castanhas.
A ceia era semelhante à do Natal. Entre as iguarias natalícias encontram-se trutas ou empanadilhas, filhós, bolinhóis, fatias douradas com açúcar e canela. (…)
No Barrocal (…), era costume deitar três bagos de romã ao fogo para que este se mantivesse aceso durante o ano; três bagos de romã na bolsa do dinheiro para que ele nunca faltasse; três bagos de romã dentro da bolsa do pão ou no saco da farinha, para que nunca faltasse o pão ao longo do ano.»
Na noite de Reis (do dia 5 para o dia 6 de janeiro) era e ainda o é, em algumas localidades, cantar as Janeiras, com grupos – as Charolas - que iam de porta em porta desejando um bom ano e louvando o Menino Jesus com versos a Ele dedicados:
«O meu menino Jesus/Está lá alto na tribuna;/Está pedindo a sua mãe,/Que nos dê muita fortuna./Eu vim ver este presépio,/Qual será o meu destino,/Por ser noite de ano bom,/Venho cantar ao menino. /Hei-de dar ao menino/Quatro, cinco, nove, seis,/E uma camisinha fina/Pra vestir, Dia de Reis. /Hei-de dar ao menino/Um galão pra cintura;/Que ele também me há-de dar/Um lugar na sepultura.»
Conta o Pe. José da Cunha Duarte: «Na véspera de Reis cantava-se os versos dos Reis Magos, canto narrativo, bastante longo (cerca de vinte cinco quadras) pois descrevia a história dos Magos e do rei Herodes (o povo chama-lhe canto velho). No fim deste canto atiravam uma viva a desejar aos donos da casa boas sementeiras e outra a desejar as boas-festas.»
Também no dia de Reis, as searinhas eram transplantadas, fazendo-se votos de boas colheitas para o ano novo que se aproximava.
Ceia de Natal Algarvia: Casamento entre simplicidade e genuinidade
À mesa da ceia de Natal no Algarve encontravam-se algumas das mais singelas, mas também mais genuínas, iguarias da região, profundamente representativas do espírito das suas gentes e das suas tradições.
Diz, mais uma vez o Pe. José da Cunha Duarte, recordando as tradições de há 100 anos em S. Brás de Alportel: «Naquele tempo, a vigília de Natal era dia de jejum. Ceia frugal com peixe. À meia-noite havia o jantar da família. Quando acabou o jejum, a ceia de Natal era “uma panela de couve” ou “panela de milhos” para o povo simples. Outros “frigiam” a carne de porco com alho ou com amêijoas, os familiares de marítimos comiam arroz de polvo. No dia da Natal comia-se guisado de galo ou galinha. Muitas famílias não faziam Ceia de Natal, pois esperavam pela família para a fazer no dia de Natal. Há cem anos não havia prendas».
Assim, ao contrário do bacalhau minhoto, no Algarve come-se um anafado galo, escolhido meses antes, o “Galo do Natal”, ou na sua falta, uma “galinha cerejada”. Nas casas mais abastadas matava-se um porco, devendo a sua carne durar ate à Quaresma.
Também os enchidos, o presunto, as carnes variadas, os deliciosos bolos de mel, as filhós, as fatias douradas, os brinhóis, os pastéis ou azevias de batata-doce, as estrelas de figo, os queijos de figo, os bolos de amêndoa, os dons-rodrigos, os figos torrados, as amêndoas, os pinhões, as avelãs e as nozes, tudo isto acompanhado de espirituosos vinhos e do saboroso medronho algarvio, passavam pela mesa dos algarvios na noite de consoada, pelo menos, das mesas mais abastadas.
No dia seguinte, come-se o que sobrou da noite, voltando-se a reunir a família. Há lugar para a galinha de cabidela com batas ou para a galinha cerejada, acompanhada por fatias de pão caseiro e carne de porco frita, com amêijoas e berbigões abertos na chapa. Nas localidades da faixa litoral, especialmente nos bairros de pescadores, come-se pelo Natal o célebre leitão, litão, ou “peixe-de-cor”, que não é mais do que um pequeno esqualo, conhecido por pata-roxa, também aqui designado por caneja. Este pequeno tubarão, para ser transformado numa iguaria do natal algarvio, precisa de ter no mínimo um metro de comprimento para poder pesar pouco mais de um quilo. Prepara-se “escalado”, ou seja, aberto ao meio, esticado numas canas em forma de papagaio, sendo depois salgado e seco à soleira da porta de casa durante uma semana. Guarda-se depois em sítio seco para ser consumido no Inverno, sobretudo na consoada por ser mais barato do que o bacalhau. Este costume ainda hoje se mantém em Olhão e Portimão.
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Presépio da Autoria de Francisco José
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Terça a sexta 9h30-17h30
Sábado: 9h30-16h00
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Casa Museu João de Deus
Rua Dr. Francisco Neto Cabrita, 1, São Bartolomeu de Messines
Tel.: 282 440 892 | Email:
Horário de Funcionamento (dias úteis): 10h00 às 13h00 e 14h30 às 18h30
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Câmara Municipal de Silves, Largo do Município
Horário da Câmara Municipal de Silves: de segunda a sexta-feira das 09h00 às 17h00
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